abril 2011



Muitas pessoas admiram obras de arte. Tanto quadros, como pinturas ou desenhos fazem parte da vida do Homem desde os primórdios da civilização. Muitos gostariam de possuir belos quadros emoldurados nas paredes, quer seja pela sua simbologia ou somente pela sua beleza. Mas...e se tu pudesses ser a moldura?

A tatuagem, ao contrário do que se pode pensar, não é um produto cultural recente. Desde tempos remotos, o Homem imprime pinturas e símbolos da sua cultura na pele. Seja por religião, vaidade ou estatuto social, o acto de gravar no corpo continua sendo, até hoje, uma forma de ritual, um momento de sacrifício e socialização.

Especula-se que a tatuagem tenha suas origens ligadas ao antigo Egipto. Onde tatuar consistia em inserir um pouco de tinta à base de vegetais logo abaixo da derme, através de uma haste de osso, especialmente afiada na ponta.
Por ter sido a mais desenvolvida sociedade de sua época e por ter tido contactos constantes com Creta, Grécia e Arábia, a arte egípcia pode ter se disseminado pelo resto do mundo através das rotas comerciais.

No Egipto, tatuar tinha um significado altamente religioso. De facto, múmias com cerca de cinco mil anos de idade foram encontradas com marcas por todo corpo. A mais importante delas, a da sacerdotisa Amunet, possuía vários traços e pontos gravados nas pernas, colo e braços, como símbolo de fertilidade e longevidade.

Mas misteriosamente, povos relativamente isolados como os Polinésios, os Maias, os Astecas e os bárbaros da Europa, também desenvolveram os seus próprios estilos de tatuagem. A técnica pouco variava, mas os desenhos e motivos das pinturas eram singulares em cada cultura.

Para os Samoanos, o acto de pintar o corpo marcava a passagem da infância para a maioridade. Enquanto não fosse marcado, o membro da tribo, por mais velho que fosse, não teria voz numa roda de adultos, nem teria permissão para tomar uma esposa para si. A tatuagem também funcionava como instrumento de ascensão social. Quanto mais tatuado fosse o Samoano, mais alto seria seu estatuto na tribo.

Já no Japão feudal, acontecia exactamente o contrário. As tatuagens eram usadas como forma de punição, tornando-se sinónimo de criminalidade. Para o japonês, muito preocupado com sua posição na sociedade, ser tatuado era pior do que a morte. Mas com a era Tokugawa, época de intensa repressão, ser criminoso se tornou sinónimo de resistência, popularizando a tatuagem.
Foi nessa época que surgiu a Yakuza, a máfia japonesa, cujos membros têm os corpos todos pintados em sinal de lealdade e sacrifício à organização e simbolizando a sua oposição ao regime.

Na América, tanto as tribos indígenas dos Estados Unidos, quanto as civilizações Maias e Astecas, eram praticantes da tatuagem. Para os Índios Sioux, tatuar o corpo servia como uma expressão religiosa e mágica. Eles acreditavam que após a morte, uma divindade aguardava a chegada da alma e exigia ver as tatuagens do índio para lhe dar passagem ao paraíso.
Interpretações similares faziam parte da maioria das culturas indígenas norte-americanas, mas devido à colonização, tanto a tradição foi esquecida, tal como os registros históricos foram perdidos, deixando uma grande lacuna na historia da cultura americana.

Um pouco mais próximo da linha do equador, Cortez se espantou com o facto dos Maias praticarem o culto dos deuses de pedra. Mais ainda, estes povos tinham o costume de gravar as imagens dos seus deuses na própria pele. Apesar dos europeus terem desenvolvido a tatuagem com os Celtas e os povos bárbaros, os conquistadores nunca tinham visto uma tatuagem antes, o que ajudou a qualificarem os Maias de "adoradores do diabo" e os massacrarem pelo seu ouro.

Esta ignorância dos espanhóis se deve ao facto da Igreja Católica ter proibido a tatuagem em 787 D.C., alegando que a prática estava associada à superstição e ao paganismo. De lá, até o fim da idade média, a tatuagem tornou-se uma prática quase esquecida. Com as grandes navegações e descobrimentos, começaram a chegar notícias de povos que gravavam figuras na pele.
Em 1691, um príncipe das Filipinas, feito escravo, foi trazido a Londres como uma atracção. Os seus donos o exibiam como uma criatura exótica, tatuada da cabeça aos pés. O seu nome era Giolo e foi o primeiro contacto dos europeus com a tatuagem depois de séculos de proibição.

No final do século XIX, a febre da tatuagem espalhou-se na Inglaterra como em nenhum outro país da Europa. Graças à prática dos marinheiros ingleses em tatuarem-se. Vários segmentos da sociedade inglesa se tornaram adeptos da tattoo, como passou a ser chamada.
Até mesmo o rei Edward VII tatuava o corpo com frequência, tendo deixado explícito, antes de morrer, o desejo de que os seus filhos também fossem tatuados. No início da sua vida, o filho de Edward, o rei George VII, ordenou a seu tutor que o levasse a um estúdio no Japão, para ser tatuado pelo mestre Chiyo, a maior autoridade local.

Mas mesmo com a realeza tendo sido tatuada, psicólogos e advogados, insistiam em associar o acto de tatuar com uma propensão à criminalidade e marginalidade. Outros interpretavam a
penetração da carne como uma tendência à homossexualidade. O facto é que até hoje, muitas pessoas são discriminadas por terem os seus corpos tatuados como os povos antigos. E apesar de toda a propaganda contrária, cada vez mais gente se dispõe a derramar um pouco de sangue e gravar na pele figuras que cativam, excitam, polemizam e embelezam os seus corpos.

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